Resenha: Caixa de Pássaros, por Josh Malerman

quarta-feira, dezembro 23, 2015

       Caixa de PássarosBasta uma olhadela para desencadear um impulso violento e incontrolável que acabará em suicídio. Ninguém é imune e ninguém sabe o que provoca essa reação nas pessoas. Cinco anos depois do surto ter começado, restaram poucos sobreviventes, entre eles Malorie e dois filhos pequenos. Ela sonha em fugir para um local onde a família possa ficar em segurança, mas a viagem que tem pela frente é assustadora: uma decisão errada e eles morrerão.

Eis um livro que foi uma das minhas maiores decepções no ano de 2015. Quer saber porquê? Vem, eu te conto.




Vocês devem estar pensando: "Mas avaliar como bom um livro decepcionante?". Eu sei, parece contraditório, mas não é. Vamos começar do início, certo?

Em seu livro de estreia, Josh Malerman nos apresenta uma Malorie em duas épocas diferentes. Em uma delas, ela tem 20 anos, acaba de descobrir que está grávida e está muito assustada com um estranho fenômeno que tem tomado proporções estrondosas no mundo todo. Aparentemente, ao verem as criaturas responsáveis pelo surto, as pessoas enlouqueciam, cometiam assassinatos e, a seguir, se suicidavam. A partir daí, as pessoas passaram a andar vendadas para evitar contato visual com tais criaturas. Quando perde sua família, Malorie foge e acaba parando em um abrigo com outros sobreviventes. É lá que ela conhece outros personagens que serão cruciais no discorrer do romance, como Olympia, Don e, o líder, Tom. 

Por outro lado, conhecemos a Malorie cinco anos após o início do caos. Ela está fugindo do abrigo com seus filhos, Garoto e Menina, duas crianças com a audição aguçada que foram treinadas por elas para não precisarem enxergar, mesmo que tendo sua visão em perfeito estado. Os três seguem o fluxo do rio em um barco a remo, vendados e sem saberem para onde ir ou o que encontrarão. 

O livro é um excelente thriller psicológico, isso não se pode negar. Apesar de não poder contar sempre com a visão do personagens, já que esses estavam quase sempre vendados, com olhos fechados ou em locais escuros, é surpreendente a maneira como Malerman conseguiu descrever perfeitamente a sensação dos personagens em meio àquele cenário pós-apocalíptico e, simultaneamente, despertar a imaginação. 

Malorie é uma personagem muito humana. Com isso, quero dizer que o autor conseguiu explorar muito bem o que realmente alguém em tais condições, passando por tudo que ela passou, sentiria e pensaria. É natural condenar algumas das suas atitudes, que parecem extremas em alguns momentos, mas enxergando do ponto de vista dela, suas ações são justificáveis. Não é uma heroína, não é mais inteligente e também não é a mais corajosa, ela só quer sobreviver e garantir que seus filhos também sobrevivam..

Com capítulos curtos, de fato, Caixa de Pássaros prende o leitor do início ao fim, mas peca (e muito!) do meio para o final da história. Os capítulos intercalam passado e futuro e cada um deles abre a porta da curiosidade para continuar a leitura. Quando tudo começa a se encaixar, ainda restam muitas dúvidas e pontos não explicados. É como se, a partir da metade do livro, uma história que tinha tudo para dar certo, descesse ladeira abaixo. Errou feio, Josh, errou rude

Entendo que tratando-se de um livro cujo principal ponto é o medo, tem-se em mente que esse é um sentimento incompreensível. Mas não vejo como um desfecho digno para uma proposta tão boa de um autor com tanto talento. Ouvi relatos de que o livro teria uma continuação. Se essa era a intenção do autor, eu, particularmente, não vejo necessidade, mesmo com um final cheio de interrogações, já que a história não dá margem para uma sequência. 

A Intrínseca manteve o formato da capa original, fazendo as adaptações necessárias. A textura fosca da capa é incrível e a parte mais legal são os detalhes internos com os galhos de árvores, que dão um toque sombrio no projeto gráfico do livro. 

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