Nas entrelinhas: Procuro um amor (...)

domingo, abril 13, 2014

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Procuro um amor que saiba cozinhar. Mas que não precisa ser nada muito chique, gourmet. Uma batata frita com casca, uma pizza de mentirinha e um raviole qualquer já me ganham. Pode saber pedir de um restaurante bacana, também, é claro. Mas que faça com carinho.

Se souber fazer jujubas ou me presentear com elas, ganha vantagem.

Meu amor tem que ter paladar. E boas palavras também. Tem que saber me lamber e me morder. E tem que gostar de beijo – em qualquer lugar, em qualquer hora. Nunca é demais para um beijo, beijinho ou tudo mais. Mas tem que gostar de beijar.

Afinal, beijo continua sendo a segunda melhor coisa que a gente faz com a boca. A primeira melhor, bem, deixa pra lá.

Procuro um amor que leia. Não todos os livros. Ou livro nenhum. Mas que saiba me ler. Saiba entender o grito silencioso das minhas pernas e as páginas da minha testa franzida. Amor tem que conhecer e reconhecer o outro. Nada mais chato do que ter que ficar contando as suas histórias e segredos pra alguém.

Procuro um amor que não minta. Mas que também não me conte todas as verdades. Principalmente as que eu perguntar. Desconverse. Me faça cócegas. Sei lá. Mas não minta.

Palavras têm peso dois nas minhas histórias. Promessas, também – das mais simples às mais complicadas.

Procuro um amor que me encontre a hora que for. E que pode se atrasar também. Que saiba se arrumar, mas que também dispense essas coisas de vaidagem. Que roube minhas blusas, meus chinelos e shorts antigos.

Procuro um amor que eu tenha orgulho de estar ao lado – e que saiba a importância de dar às mãos. Não precisa ter muito dinheiro. Mas que tenha bons planos de carreira. Amor vabagundo demais, cansa. Amor trabalhoso demais, some.

Procuro um amor meio-termo. Que xingue coisas engraçadas, que me mande tomar-no-cu sorrindo, mas que me faça declarações, também. Que tenha pudor para saber bem a hora de não tê-lo. Procuro um amor que saiba que flores e tapas têm suas horas.

Procuro um amor multifacetado. Desses que me lembram alguém, mas não sei quem é, nem sei de onde. Mas que me dê a velha sensação de que tudo será eterno desta vez.

Sobre o autor: Hugo Rodrigues, capricorniano esquecido. Autor do romance “Um Sorriso de Oito Graus na Escala Richter” e, atualmente, produzindo mais dois livros: “Mulheres, Malditas Maravilhas”, (dez/2013) e “Na Décima Nuvem” (jul/2014). Para os próximos anos, surgirão os impressos “Ramon” (2015) e “Rascunhos Nus” (2016), um apanhado de contos, poemas e frases. O carioca é colaborador dos sites Entenda Os Homens, Casal Sem Vergonha e Isabela Freitas. Além disso, é colunista da revista O Flu, do jornal O Fluminense, do Rio. http://hrodrigues.com

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