A mancha

quarta-feira, julho 02, 2014

Faro Fino Pet: Como Limpar Vômito de seu Bicho de Estimação do Carpete

- Pensei que tinha parado de fumar, Jeff.
- Pensei que não ia mais se meter no meu relacionamento com meus cigarros, Rosalie.
- Ok. - respirei fundo e continuei a esfregar a mancha. - Só não morre na minha cozinha, por favor. Eu acabei de limpar.
Ele revirou os olhos, impaciente. Tragou o maldito cigarro e assoprou. Assoprou como um cafetão, como um empresário rico e poderoso. Assoprou como se fosse alguém com absoluto controle da própria vida. Tudo obra de engano. Jeffrey não conseguiu nem terminar o quinto período da faculdade ainda.
- Só me preocupo, sabe? - Esfreguei a mancha com mais força. - Você não parece alguém cuja família tem um lindo histórico de tuberculose.
Ele continuou tragando e assoprando e olhando pela janela. Eu podia ver as engrenagens girando loucamente enquanto ele pensava em algum plano louco para fugirmos e viver em lugares bonitos, cantando em bares e tirando fotos; que no final seria apenas um plano fadado ao fracasso. Esfreguei mais um pouco e ele lá, fumando.
- Quer dizer que eu acabo de limpar tudo e você invade o cômodo com essa fumaça? - Maldita mancha! Sai!
- Você só notou agora. - Não era uma pergunta.
- Não... - Sim. - Eu já tinha percebido. - Não tinha mesmo. - Mas não falei nada pra ver se o seu semancol fazia efeito. - Mas não vou admitir pra você, né babacão?
- Mentira. - ele levantou da cadeira e ficou de pé, à minha frente, no balcão. Pare de me olhar, seu... Seu maldito! Joguei o cabelo para o lado e revirei os olhos.
- Pare de ser ridículo! As pessoas costumam perceber quando alguém fuma em suas casas. - tentei fulminá-lo com o olhar, mas ele riu, o que significa que eu devo ter parecido uma garota birrenta.
- E você costuma revirar os olhos e jogar o cabelo para o lado quando mente. - ele deu um sorriso torto.
Abri a boca e fechei. Fiz isso umas três vezes e Jeff soube que a batalha estava vencida.
- Algumas manchas nunca saem, Rosie. Elas são adquiridas durante a vida útil e pronto, estão lá como uma tatuagem. - ele apagou o cigarro no cinzeiro e bebeu um imenso copo de água enquanto eu meditava, aturdida.
- Isso quer dizer que você nunca vai parar de fumar? - A ideia me espantou. Nunca gostei de fumantes e Jeff era um cara espetacular em todos os sentidos, exceto por um vício adquirido quando calouro.
- Quê? Não! - ele me olhou como se eu fosse louca. - Minha família tem um histórico imenso de tuberculose. Eu quis dizer que você devia ir descansar. Essa mancha aí não vai sair.

Jeff&Rosie

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